Sala do General

O desconhecido armadurado, não parecia muita feliz com minha presença. Mas quem ficava?

Bem vindo ao clube.

Ignorei o sujeito amargurado, e respondi Ichijo sem enrolar.

— Assunto particular. — Não queria bisbilhoteiros ouvindo. — Em quantos minutos ou horas devo voltar? Queria tratar logo de tal tópico...

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Ao ouvir as palavras de Ichijo, me voltava para o armadurado.

— Sobrinho-kun? Muito prazer. — E revelava meus dentes, seguidos de um comentário a respeito do nome dele. — Kazemaru ka... Omoshiroi. E engraçado ao mesmo tempo. Um nome bem másculo, mas mesmo já sendo um adulto, ainda o mantém, hihi. É bem fofo da sua parte.

No Japão antigo, ainda na época dos Samurais era muito comum os meninos serem "batizados" com um nome cujo sufixo fosse Maru, e após crescerem e se tornarem adultos, eles mudavam de nome. Isto indicava passagem de uma jovem criança, para um exímio Samurai.

— Aliás, Kaze-kun... Não sou vassala de ninguém. Somente colaboro com seu tio. Já que ele não possuí preconceito comigo e se mostrou mais receptivo do que Ryuzaki. E o bigodinho dele é um charme, você não acha?

O que o sobrinho pensaria ao imaginar o seu tio e uma kitsune juntos romanticamente? Seria a maior fofoca daquela Era.

Observei a mesa, tudo que estava espalhado e principalmente o mapa.

— Eeee... A coisa realmente está ruim, hã? Mokuami foi realmente um fracasso total. Eu falei para eles não irem tentar dominar o campo. Era perda de tempo aquele espaço. Era óbvio que um número grande poderia ir lá ou alguém bem preparado pudesse estar lá. Mas ninguém me deu ouvidos. — Era sempre assim, mesmo. A raposa nada confiável dava boas táticas militares, e as mulas ignoravam. — Fiquei sabendo também que aquela arqueira Izumi novamente deu pra trás enquanto seus aliados ficaram pra morrer. — Eu nem precisava falar muito pra expor a falta de credibilidade que a Hyuuga poderia ter agora. — E pensar que eu quase explodi junta dos demais que estava comigo por Mogami. Hehe. Ao menos consegui convencer os inimigos de trazer Tsubaki, Takeshi e a arqueira de volta. — Não dizia aquilo para aparecer, era mais um comentário de quem estava no combate. Porém, era possível que o sobrinho tirasse suas conclusões errôneas. — Aos poucos eles irão fechar o cerco contra Mogami. Isso está te atormentando, certo Ichijo? Os recursos vão ser cada vez mais escassos. Não pode permitir trancarem todas as rotas. Você precisa de um novo plano, e pelas suas expressões, parecem não terem nenhuma, ainda. — Voltei meus olhos característicos para ambos, e comentei. — Talvez... Eu possa solucionar este problema ou apresentar uma proposta que ao menos dê mais tempo para Mogami se reerguer. E é justamente o meu motivo de ter vindo aqui.

Fiquei observando os dois esperando que falassem algo. Continuaria a seguir.

— Ichijo, lembra do empreendimento que compartilhei contigo quando me infiltrei em sua fortaleza e fui pega depois? — Mesmo que ele se lembrasse, eu manteria o raciocínio e contaria em detalhes. — O que eu busco, não é somente um bordel na qual haverão meretrizes que usaram seus corpos para ganhar a vida, e consequentemente vai trazer fluxo de capital para Mogami e novos empregados. Eu quero algo específico. Quero habilidosas gueixas na sucinta arte de assassinar, ludibriar, infiltrar, coagir, e em tudo que você possa imaginar que uma mulher compete possa realizar somente com seu corpo e sua voz. Eu desejo ter minha própria unidade especializada em adquirir informações, aliados, influência, poder, e claro. Dinheiro. Afinal, preciso comer e... Acho que mereço um pouco de luxo. Mas pra isso eu vou precisar de ajuda em algumas coisas. Por isso eu vim. Pode me ajudar, Ichijo? Preciso encontrar um local apropriado e neutro. Eu tenho minha mansão nos arredores de Utakata, mas não sei o quão seguro seria lá. Se você conhecer algum comprador disposto, principalmente se for um residente de Utakata, pois não haveria problemas pra ele. Seria muito bom. Eu poderia adquirir um lugar em Mogami ou próximo para abrir meu negocio. As personalidades que eu for contratar, eu posso ir atrás por mim mesma, mas também aceito sugestões de quem poderia se aliar a minha causa. O treinamento dessas mulheres poderia ser feito por algum mestre ninja. Quanto o lado social, alguma anciã experiente seria de grande valia para o aprendizado dessas mulheres. E assim, em alguns meses poderemos ter pessoas capacitadas para nos conseguir alguma vantagem no meio desse grande desastre que vem sendo a guerra para Mogami.

Deixei que respirassem e processassem as informações, e só concluía antes.

— Claro, isso é só uma ideia. Me expus ao relatar meu plano próprio que um dia estará em prática mesmo sem ajuda. Na verdade, ao vim até vocês, eu já deixei claro que estou começando a correr atrás disso, mas com o auxílio de Ichijo, tenho certeza que ocorrerá mais rápido do que seria somente eu tentando fazer tudo sozinha. Enfim... Não vou julgar vocês se acharem um absurdo.

E aguardei com um ronco na barriga.

Enquanto isso, meu clone procurava pelo estoque de comida para trazer algo para mim comer, pois estava varada de fome, e procurava também por frutas vermelhas e um pouco de leite.

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A expressão simpática se fechou.

Olhei com raiva pro sobrinho de Ichijo.

— Aposto que os "10 centímetros virgem" não tem algo melhor pra dizer, não é? Idiota! — Insultava o desgraçado por sua genética falha em testosterona.

Virava-me de lado cruzando os braços com semblante aborrecido e de olhos fechados, soltando o ar pesado que fazia até meus seios tremerem.

— Ichijo... — Voltava-me olhar para ele, virando em sua direção. — Eu tentei, juro que tentei. Mas vocês humanos em sua maioria são cabeças ocas com um preconceito que beira o delírio. É impossível tentar manter a passividade estando rodeada de imbecis que parecem lobos esperando alguém como eu falar ou fazer qualquer coisa que descordem para me atacar de todas as formas possíveis. — Olhei de canto para o sobrinho dele, e continuei. — Eu nem deveria estar propondo nada, acho que minha dívida com você já foi paga. Por mais que o combinado fosse que eu tentasse matar Ryuzaki em um momento oportuno, participei de missões e me esforcei ao máximo para executá-las da melhor maneira possível. Por mais que alguma decisão ou outra possam ter sido errôneas, ainda sim em geral toda minha visão do que deveriam fazer pra evitar o pior, se mostraram corretas.

Suspirei um pouco, pensativa.

— Acho que eu não devo ficar mais entre vocês. Fui inserida nessa guerra contra minha vontade, e acho que fiquei mais tempo do que devia. Se não se importa, estarei partindo. Talvez siga seu conselho, e eu vá em alguma vila menor começar meu empreendimento. Aliás, você ainda tem o Estilhaço que pedi para guarda-lo consigo? Gostaria de leva-lo comigo.

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