Finalizado - A Estátua

Antes de me encontrar com aqueles que me acompanhariam na missão, passei no arsenal para pegar duas flechas que faltava para completar minha aljava.

Logo seguiria para o portão.

O caminho era um pouco demorado, e o frio não me estimulava em apressar o passo, mesmo estando devidamente agasalhada.

Ao me verem, sabiam que se tratava da pessoa que reforçaria o time de escolta. Quando cheguei, estranhei.

━ Achei que nos forneceriam ao menos uma carroça e um cavalo pra puxa-la.

É, admito que não estava muito afim de ter que ficar andando por ai de noite. Só não teria outro jeito.

━ Então é esse o motivo da nossa dor de cabeça da noite? Imaginei ser maior. Bom, devo dizer que não sou muito boa carregando coisas. Ainda mais pesadas. Entretanto, compenso quando for realmente necessário defender essa porcaria. Acho que podemos ir...

Não havia mais motivo para enrolar.

Observava o entrosamento entre os dois.

Provavelmente era pai e filho.

━ Então o velhote não vai?

E eu achando que já era pouco três.

Enfim, parecia que a defesa sobrou toda pra mim.

Aproveitei o momento que eles se despediam, para ajustar um virote na belastra pra ficar preparada para um disparo.

━ Hora de ir. Até logo senhorzinho...

Começaria a viagem repousando meu braços esquerdo sobre a katana, seguindo tranquila enquanto olhava para os lados, caminhando pela rota.

Olhei torto para o rapaz.

Talvez tivesse me entendido errado.

━ Hum, era seu mestre. Achei que ele fosse conosco antes de chegar. Mas enfim, não é bom que ele fique se envolvendo em missões fora da vila. Pela idade, é melhor enviar jovens com mais disposição física.

Não tive muitos vínculos na vida, no entanto, tive a experiencia de ter um mestre também, que infelizmente faleceu. De algum modo compreendia o rapaz, ou pior, tinha inveja.

━ Bom, tome cuidado com essa porcaria. Se houver um risco, farei o mesmo em ti com minha katana.

Era uma ameaça descontraída. Só não sei se ele levaria muito a sério, pois minha fama por menor que fosse, precedia certas atitudes.

━ Seguiremos pela estrada até onde ela for mais fechada. Não quero chamar atenção de bichos estranhos na floresta. Quando possível, usaremos a mata pra passarmos despercebidos, se assim precisarmos. Por hora vamos ganhar tempo. Se for haver alguma emboscada, será mais a frente onde já estaremos um pouco mais fadigados da caminhada.

Ao menos era assim que eu faria com uma presa minha.

Enfim, segui por aquela estrada.

Andando pela estrada, pude notar algo esquisito no rapaz.

Olhava vez ou outra. Parecia que ele me observava.

A estátua por vezes parecia estar em risco nas mãos dele.

Em meio a caminhada naquela imensidão tranquila, o jovem quebrou o silêncio.

━ Hum... Andam me chamando de "Raposa Traiçoeira", não é mesmo? ━ Observei a reação do samurai quanto a esse questionamento na qual não deixei ele responder. ━ Se quer levar isso ao pé da letra, não vou impedi-lo. Mas até o momento, nunca traí ninguém. ━ Ficava bem claro que não estava mentindo. ━ Contudo, se não é isso que quer saber, precisará fazer a pergunta certa. Não precisa ficar envergonhado ou com medo, não dou importância pra essas coisas. Se quer perguntar, seja direto comigo.

Em seguida corria seus olhos pelos arredores. Buscando sentir o cheiro da mata, ouvir algo estranho, mantendo a guarda sempre preparada para qualquer problema.

A caminhada seguia tranquila.

O garoto tomou coragem e questionou-me.

Olhei para ele, observando melhor seu senho, e exibi meus dentes em um riso.

━ Era só isso? Heh...

Voltava o foco da visão para frente. Com um único detalhe, erguia minha cabeça observando a lua se ainda estivesse no alto, coçando o queixo com a mão refletindo quanto eu devia ter encerrado vossas vidas, e respondi.

━ Mais do que eu possa contar. Essa última missão nas montanhas mesmo, foram 9 pra vala. Além de 4 cachorros que queriam me devorar. ━ E então me virava novamente para ele com um olhar de naturalidade, como se aquilo fosse normal. ━ Mas não se preocupe, não planejo lhe machucar. Desde que não tenta nada contra mim, não farei mal algum. Todos que ceifei suas vidas, foram por necessidade. Então nenhuma morte até o momento foi especial. ━ Pensava melhor e contradizia o que acabava de falar. ━ Na verdade há apenas uma vítima que eu realmente sempre vou lembrar. Foi a primeira que matei. ━ Começava a contar um pouco da minha vida para o rapaz para passar o tempo. Fora que nunca tinha parado pra fazer isso com alguém. ━ Não sei como é crescer rodeado de uma vila pacata com tanta segurança e amor, como é em Utakata. Então trilhei esse caminho desde muito cedo, pois nós Kitsunes sempre fomos muito perseguidas por vocês humanos. Acabei sendo separada de minha família e escravizada. Na oportunidade que tive, dilacerei com os dentes o pescoço da maldita que me maltratava quando ainda era criança. ━ Olhei pra ele ingenuamente e comentei. ━ Você acredita que ela achava que eu era algum tipo de brinquedo? Um absurdo, né? Aí meu ódio só se acumulou a cada ano que passava e deu no que deu. A partir dai fiquei livre e quase morri, hahaha. ━ A morte parecia ser uma companheira minha, e isso começava a ficar evidente pro rapaz. ━ Sabe o que não dizem pros escravos o que acontece depois de se libertar? Você precisa sobreviver. E foi assim que quase morri de fome. Um sacerdote acabou me encontrando no último fio de vida que tinha, e cuidou de mim por um período. Me ensinou a usar o arco, inclusive. Confesso que foi a melhor época que tive. No entanto, acabou falecendo. O pessoal da pequena vila achou que fui eu e tentaram me matar. Fugi como qualquer um faria e depois me vinguei de todos, hihi. ━ Embora todo o conto fosse um tanto... Amedrontador para quem não estivesse acostumado, meu semblante era de uma menininha que ainda não tinha vivido direito e que aquele era seu mundinho "normal". Daria até pra chamar de "fofo", se não fosse tão bizarro. ━ Mas vida que segue né? Acabei parando em outros lugares e conhecendo outras pessoas que me fizeram bem, e infelizmente sumiram por alguma razão. Atualmente procuro por elas. Dessa maneira que acabei parando no castelo do Ryuzaki. Invadi o lugar pra investigar e acabei me fodendo. Maldito Ryuzaki, um dia mato esse filho da puta. ━ Essas últimas palavras soavam bem sinceras e arrogantes. ━ Em suma, o que eu posso dizer? Os humanos me transformaram no que sou, e adivinha? Acabei gostando dessa vida. Matar me da prazer. Ver meus inimigos agonizando, me faz gozar em meio a luta. Não consigo controlar. É gostoso. ━ Contava olhando para ele com uma expressão bastante sádica, na qual meus olhos rubros pareciam se intensificar em sua coloração.

Quanto mais andávamos, mais a estrada começava a parecer mais sinistra, talvez. Quem sabe fosse o momento certo para mudar de rota?

━ Hey, você já andou aqui por muito tempo, né? Já saiu da vila? Conhece alguns caminhos que podemos usar? Duvido que tenham te mandado aqui somente porquê consegue carregar uma estátua.

Esperava que a utilidade dele fosse não somente ser uma mula de cargas.

━ Por que eu mentiria? Cada um tem sua própria história. Não há por quê inventar coisas pra parecer "legal" ou melhor que os outros. Só não fique falando pra qualquer um tudo que eu disse.

A caminhada se seguia enquanto o rapaz explicava de onde vinha.

Estava certa quanto as minhas suspeitas.

Todavia, talvez os cem passos teriam que esperar. Parei de andar e estiquei o braço para o lado em sinal de atenção. Olhei para um lado e para o outro.

━ Vamos sair da estrada agora. Se esconda entre aquelas árvores. Não estamos mais sozinhos.

Não sabia do que se tratava ainda. Podiam ser viajantes como nós ou apenas alguns filhos da puta querendo morrer mais cedo.

Seja como fosse, iria esperar escondida junto do rapaz. Ficaria em silêncio e já pegaria uma flecha e meu arco para efetuar um possível disparo.

Farejaria mais e mais para descobrir as posições dos desconhecidos.

A merda tinha batido no ventilador cedo.

Os inimigos notaram que nós havíamos se escondido, e começaram a agir.

Olhei para o garoto, e imediatamente lhe dei uma ordem.

━ Afaste-se e coloque essa coisa num lugar seguro, vou tentar segura-los.

O arco estava em minhas mãos, assim como a flecha já estaria sendo encaixada no mesmo.

Retesei o arco, fazendo mira sincronizadamente, procurando alvejar o sujeito mais próximo que viesse.

Após efetuado o disparo, trocaria de arma, sacando minha katana e aguardaria pelo próximo momento de atacar.

━ Porcaria.

Resmunguei pelo erro.

O outro inimigo vinha com sua espada.

Era hora de sangue jorrar.

Ao sacar a espada, usei uma habilidade para poder atacá-lo ainda antes que ele pudesse me acertar.

Movimentei-me para o lado de sua bainha, desferindo um corte lateral na região dos órgãos.

Queria poder me divertir com aquele, mas haviam outros que eu precisava me preocupar.

Então necessitava causar um dano impactante logo de cara no primeiro.

Se o corte fosse um sucesso, empurraria seu corpo com base do pé, fazendo o cair no chão.

Considerações:
- O empurrão seria minha ação bônus.

Saque Veloz
Categoria: Kenjutsu
Dificuldade: D
Alcance: Toque
Ativação: Ação Bônus
Custo: 10 Chakra
Descrição:  Conduza seu chakra diretamente para a bainha de sua espada, enquanto energizada irá gerar pressão em seu lado interior, permitindo com que a qualquer momento você possa a expelir com extrema velocidade, lhe permitindo sacar sua espada e atacar ou se defender contra projéteis.

O primeiro sujeito não fora muito difícil de lidar.

Caiu facilmente no chão com a dor.

Olhei para os próximos a frente. Portavam er...

━ Facas? Estão de brincadeira comigo, seus desgraçados?

Por alguma razão me sentia um pouco subestimada, fazendo-me ficar meio irritada.

Posturei-me com a katana e esperei o mais próximo ficar quase perto do meu campo de ataque. Quando faltasse um mero passo para o mesmo estar ao meu alcance, eu avançaria este passo, golpeando na altura do ombro, e deslizando diagonalmente por toda região.

━ Gr...

Resistia o corte recebido no calor do momento.

Felizmente, eu não era um humano que sangrava. Um corte não passava de dor momentânea.

Acabei errando o ataque em meu alvo, porém, o segundo deu azar, levando o golpe a seguir.

Um sorriso malicioso veio em minha face. Eles eram estúpidos o suficiente para se matarem sozinhos.

Todavia, restava agora matar aqueles filho da puta que me acertou.

Sabendo que estaria em minhas costas, e com meus sentidos poderia identificar melhor sua posição, girei rapidamente com um ataque horizontal, flexionando um pouco minhas pernas para executar um movimento mais fluído.