Finalizado - Companhia para Pesca

Trabalho:

A pastilha que tinha comido parava de fazer efeito, após ter me curado um pouco. Ia direto para o local combinado, do lado de fora do templo, em frente ao portal de acesso do monastério. Os raios de sol esquentavam minha cabeça, me deixando com calor. Pescar é o caralho, bom mermo seria tomar um banhinho no lago.

Chegando lá, eu veria onde estava o idoso aposentado, o cliente, e me aproximaria dele. "De boa?" — eu não me importava com formalidades, não era meu estilo. Meu olhar estava despreocupado, o que poderia ser uma surpresa para alguém que saiba do meu histórico com pescaria. "Meu nome é Hideo Miyazaki, mas pode me chama de Hideo mesmo" — eu ouviria a qualquer coisa que ele teria a dizer, e o acompanharia para onde era o tal lugar da pesca.

Vida: 70(+10)/100
Chakra: 180/180

Quando eu me aproximava, eu noto que o "idoso aposentado" realmente não era como eu imaginava. Achei que ia ser um velhin corcunda com uns um metro e sessenta... e que porra é essa de chapéu de palha e essa barba enorme?! Maluco, isso sem nem comentar a porrada que ele me deu, ah, eu sou muito fodido mesmo. "Malz ae..." — minha voz saía um pouco dolorida e eu segurava minha mão machucada com a outra, eu certamente não queria irritar esse velhote, "aposentado" é só o pau dele, ele vai acabar é me matando até o fim dessa missão.

Se pá esse velhote de merda pertence a algum clã, abençoadinhos com suas... capacidades de luta. Vamos só não deixar ele muito puto — "O nome é Hideo". Se ele quisesse falar o nome dele, falasse, mas eu não tava a fim de perguntar. Um sorriso surgiu no canto da minha boca — "Sabe, eu era um baita de um pescador, sem querer me gabar, até trabalhei um pouco com isso" — trabalhei por uma semana e fui demitido por incompetência, mas de certa forma não é mentira. Eu pesquei algumas vezes com... minha mãe, mas isso faz tempo. Se o velho quisesse sair a algum momento, eu apenas o seguiria.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

"Gyehehehehe" — bem, se ele mesmo tinha se chamado de velho fraco, quem era eu para o contrariar, eu ria, mantendo meus pensamentos para mim mesmo. Mas... pera, se esse cara é fraco, o que eu sou então? Esse pensamento me deixou um tanto irritado. "Prazer mesmo seria ser acompanhado de alguma gatinha" — eu dizia sem querer, mas como eu disse baixo, havia a possibilidade de não ter sido escutado, e eu sinceramente assim esperava.

Independentemente dos acontecimentos seguintes, eu pegaria o peso do velho, pois infelizmente esse era meu trabalho. Eu carregaria o cesto da mesma forma que o velho estava carregando, já que eu não tinha muitos músculos, era melhor usar minhas costas para distribuir melhor o peso. Fora ter que carregar essas merdas, até que estranhamente eu estava até interessado aonde isso ia dar, fazia um tempo já que eu não pescava. Era um dinheiro fácil, fora que ao completar mais missões, eu fico mais famosinho.

"Ae, ve-" — quase que o chamo de velhote, minha vida ficou em perigo por um momento. "Digo, senhor Omoi, né? Tu já ouviu falar da lenda do grande peixe que vive no norte?" — eu perguntava, como quem não queria nada, esperando a resposta dele.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

Eu sigo andando ao lado do velho, no entanto, também estava atento para não tropeçar ou algo semelhante. Eu não fui muito com a cara do véi, mas eu curtia contar histórias bobas, e era melhor do que andarmos no silêncio. "Gyehehehe, eu imaginei, é dito que ele pode ter morrido, mas eu dúvido!" — eu continuava a contar minha história que era fruto da minha imaginação.

Eu olhava para os dois lados e colocava a mão aberta ao lado da minha boca, como se estivesse contando um segredo. ainda que eu estivesse falando a uma altura audível para quem estivesse ao redor e sequer estivesse colado no véio. "Ele é beem grande, com o corpo meio achatado e dois fios de pelo longos e grossos saindo de seu rosto... é dito que ele se esconde ao fundo de lagos e rios, mas ele sai em eventos especiais, no entanto ninguém sabe exatamente quais são essas condições. Ah! E ele deve ter centenas de anos" — eu falava, gesticulando bastante, com minhas mãos condizendo com o que eu dizia.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

"Tá quente ba garai, né? Pô, há algum tempo eu nem queria sair da cama de tão frio que tava" — eu abria a boca novamente, dessa vez não falando da tal "lenda" que era nada além de uma história que eu inventei. Geralmente meus amigos gostavam de quando eu contava essas histórias, não foi só minha força que me fez o líder deles, foi o meu incrível carisma também. "Gyehehehehe" — uma risada escapava dos meus pensamentos, saindo em forma de som, ao mesmo tempo que eu catava uma meleca do meu nariz e a jogava fora com um peteleco.

Ele não pareceu muito interessado na minha história, será que a velhice sugou dele toda a felicidade e senso de imaginação? Bem... quando ele não gostou de algo que eu fiz, o véi me deu uma porrada na mão, se ele quisesse que eu ficasse quieto, ele teria me mandado calar a boca, né? Tagarelar tirava um pouco da minha ansiedade, o que me fazia xingar menos e ficar menos puto, por isso, apesar de parecer mais cansativo, eu preferia conversar para passar o tempo.

"Ô, vé- digo, senhor Omoi. Tu prefere que eu fique quieto?" — eu perguntava de forma bem direta, não porque me importava realmente com os sentimentos dele, mas eu não queria apanhar de novo. Não ficaria bolado se ele dissesse que sim, no final, eu respeito aqueles que dizem o que pensam. No entanto, se ele falasse que não se importava, era um sinal positivo, significando que eu poderia tagarelar o quanto quisesse sem temer que meu belo rostinho fosse ferido.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

"A voz... do silêncio?" — eu fazia uma feição de estranheza. Como que era possível algo do gênero? Se há um silêncio, não deve haver voz, seria um paradoxo dizer o contrário. Eu decidia fechar minha boca ao menos por agora, o que o véi disse acabou chamando minha atenção, mesmo eu cogitando a possibilidade de ser apenas um devaneio da velhice que gosta de se perder em ditados sem qualquer nexo.

Eu começava a respirar, inspirando e expirando, eu buscava ter uma Concentração Total, focando meus sentidos primariamente na audição, no entanto não podendo abandonar minha visão, claro. já que estávamos andando e eu não queria tropeçar. Minhas ações, claro, se justificavam porque eu queria 'ouvir' o tal silêncio.

Pra mim voz do silêncio é aquele filme da garota surda, muito bom, inclusive. Ou também, mais antigo, aquele livro de uma escritora russa.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

Em Uso:

Essa parade até que não era nada ruim... também parecia tirar minha ansiedade e me deixava menos puto, mas de uma forma diferente a quando tagarelava. Tagarelar era aliviar a tensão a jogando para fora, diferente dessa tal 'voz do silêncio', em que isso não era necessário, a raiva apenas era substituída. Coisa estranha, bicho.

Bem... acho que não faz mal ficar mais um tempinho assim, só imagino que dormir com essa paz toda deve ser algo massa, mal posso esperar para tentar. Eu continuava andando com o véi, tentando apreciar esse algo novo. Eu ouvia o que estava em minha volta, mas ainda tentava ficar alerta- ou talvez estivesse ainda mais alerta? Era difícil dizer, mas tampouco importava, só tinha que assegurar que o véi chegasse e voltasse intacto.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

Em Uso:

Eu ficava sempre ao lado do véi, só por precaução. Lugar bonito... eu olhava pra cara do véi, sem disfarçar, só para checar a expressão dele no momento. "Lugar massa" — mesmo tendo aprendido -mais ou menos- a ouvir a tal voz do silêncio, eu ainda senti a vontade de expressar, de forma bem rasa, a respeito de como eu sentia do local. Então continuaríamos seguindo o caminho, enquanto eu continuava focando bastante em minha audição.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

Em Uso:

"Comassim?" — eu não entendia o que poderia haver de negativo no tal 'ouvir o silêncio', então perguntava, mesmo não tendo ideia se o véi ia me responder só com uma tirada ou mais uma frase que eu não entenderia. Caso o véi não tomasse iniciativa para puxar o barco, faria eu mesmo. Fazia anos, mas eu já tinha feito isso algumas vezes... era uma pena que tínhamos vindo pescar, eu queria mermo era cair na água, mas como não tinha roupa (e também porque estava a trabalho, mas isso podia ser resolvido), não havia nada a ser feito.

Eu me agacharia e iria puxar o barco pela corda segurando com as duas mãos (ao menos que o véi já tivesse tomado iniciativa e feito isso) e então encostaria o barco no cáis para ficar simples de subir no bote. Em seguida, eu tiraria o que estava nas minhas costas com cuidado, porque não queria que essa missão fosse a parte 2 do meu trabalho como pescador... apesar de que na outra vez foi de propósito. Então eu colocaria essas coisas no barco e subiria nele pisando no centro do barco, onde deveria ter mais estabilidade.

"Ae, tu quer ajuda?" — eu sorriria de canto de boca, oferecendo ajuda ao véi pra subir (isso supondo que ele mesmo não foi antes de mim). Eu daria espaço para ele subir caso não requisitasse de ajuda, mas se precisasse, eu daria a mão para ele (kek) subir também.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

Em Uso:

Fiz uma cara aborrecida ao ouvir a resposta do véi. Porra, eu sabia que ele ia mandar uma dessa, sabia! "Se eu não morrer antes, talvez..." — respondia, ríspido, não encarando o véi, mas desprendendo o bote como ele havia pedido. As vezes eu tinha essa sensação de que ia morrer, não era que eu queria, muito pelo contrário. Quero viver muito bem, rico, gordo e morrer velho na cama ao lado de uma bela mulher, é esse o tipo de vida (e morte) que eu quero! Mas eu não nasci para essa vida, eu não sou especial como aqueles caras.

Perdido em meus pensamentos por um momento, eu balanço minha cabeça para me libertar daquele 'transe' no qual fiquei por um breve momento. Do que eu tô falando? Eu sou foda! Eu vou mostrar pra todo mundo que qualquer um, mesmo que você não seja abençoado pelas suas habilidades de nascença, tu ainda consegue ser foda! Ou melhor, eu não preciso provar isso pra ninguém! "Isso, isso!" — eu apenas exteriorizava meus pensamentos. Se a qualquer momento o velho dissesse mais alguma coisa, eu ao menos o escutaria. Por fim, retornaria tentando 'ouvir a voz do silêncio' e eu me acomodaria no bote.

Vida: 70/100
Chakra: 180/180

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