Finalizado - Assassinato, Samurai de Utakata

Não era lá essas coisas, talvez por isso o preço barato, por um instante imaginava quem estivera presente por ali, viajando nos pensamentos, quando voltava a realidade, apenas desdobrava os cobertores, os colocando centralizado a sala, fazendo os dois de cama, retirava meu quimono, o deixando em cima da cômoda, junto com meus demais itens, e agora peladão, apenas deixava a katana e a bolsa de moeda próximos, colocava a bolsa de moedas em baixo do travesseiro e a katana ficaria no chão, ao meu lado. Me sento na cama improvisada, deitando em seguida, uma longa espreguiçada seguindo de um longo bocejo, é hora de dormir, me deixava levar pelo sono, esperando amanhecer.

Abria os olhos repentinamente, me deparo com a parede do quarto, uma madeira que servia de parede, logo, penso na possibilidade de quebrar, não... Me erguia, enrijecendo o corpo, agora sentada, juntava as pernas, abrindo os joelhos, tocando os pés, me alongava, quebrava o pescoço para o lado estralando-os, estivaca os braços alcançando o céu, coisas habituais, de uma rotina ao acordar, para finalmente ficar em pé, me arrumava, limpava a remela e a baba, vestia minhas vestes, jogava a katana junto e todos meus itens em conjunto, para então ficar pronto para partir, me imaginava fazendo tudo aquilo em tempo recorde, por algum motivo, imaginava que já era tarde, que tinha perdido boa parte da manhã, e naquele instante observava se havia barulho, seja de conversas ou passos, tanto faz, desde que esteja vindo de fora, me aproximava da porta com passos leves.

Saia do quarto para o corredor sem pressa, cumprimentava com uma pequena reverência com a cabeça e um "bom dia", para quem me encarasse, demonstrando um pouco de simpatia para com aqueles, ia caminhando pelo corredor, olhando as imediações agora pela manhã, com mais luz ambiente teria mais visão das coisas, atiçando uma curiosidade, será que todos os quartos são iguais? Parava no começo da escada, antes de descer para o balcão, pensava na possibilidade de um café ou chá? de onde estava me colocava a observar brevemente o que acontecia por ali.

Ao meu redor pairava alguns que se distraiam durante aquela manhã que se iniciava, talvez ninguém tenha me visto ainda, mas em contrapartida, naquele lugar e hora específico, teria eu todos em meu campo de visão, descia as escadas sem muita pressa, me aproximando do balcão, segurava na garganta a vontade de gritar um bom dia, bem alto, no salão, o fato de não ter nenhum rosto amigável me deixava aflito, mas não era como se precisasse daquilo, logo me mantinha atento, de feição fechada, seguindo minha curta caminhada de olhos fixos no meu ponto de interesse, o balcão, evitava os olhares, nesse curto período. Próximo do balcão visualizava melhor o que tinha.

Sentava no banco mais próximo, já o respondendo. - Bom dia. - Acenava com a cabeça, e de volta mandava um bocejo longo, me perguntando se havia algum café ou chá por ali. - O que tem para beber...? - Me lembrava que não sabia o nome do taberneiro. - Como você se chama mesmo? É bom dar um nome para um rosto. -

Acompanhava com o olhar o taberneiro, os preços agora visíveis, avaliava o que viria a beber, e como fora me apontado a tabela de preços, possívelmente teria algo para comer escrito também, sentia o desconforto de ter que escolher somente uma ou outra coisa, quando realmente queria um banquete. - Motoharu? - Ao falar o nome, rapidamente o encarava, vendo sua reação, falava com a pulga atrás da orelha, me mantinha receioso, visto que tinha inventado tal nome para disfarçar quem eu sou de verdade, ele não lembrava da conversa de ontem, imaginava. - Providencie um chá quente, não quero nada muito amargo. - Dizia enquanto ainda olhava para a tabela.

Observando aqueles dois se distanciando, pensava em alguma possibilidade, olhava ao redor, disfarçando, vendo quem estava presente, ali na taberna, espreguiçava uma outra vez, alongando os braços pro alto, pensava em uma desculpa enquanto isso, me levantando e indo em direção da porta de entrada, apenas para ver onde aqueles dois iriam.

Ainda da porta os observava afastando aos poucos, sem muita pressa os perdia no horizonte, indo então para a viela mais próxima, fazer minhas necessidades, uma bela e demorada mijada, não viria a segui-los por enquanto, nem sentia essa querer, mal os conhecia e precisava de mais informações no momento, mas só por saber a direção de sua partida ajudava a orquestrar meus próximos passos, fazia o que tinha que fazer, e então voltava para a taverna, da porta observava mais uma vez o ambiente, com uma feição apática e "séria", embora não estivesse, no mesmo banco vinha a ficar, esperando o chá ser servido.

O cheiro que o chá exalava trazia um odor suave, trazendo a tona uma paz momentânea enquanto bebia, a primeira coisa que ingeria no início daquele dia, soprando a surpeficie do copo por alguns segundos, esfriava um pouco, para logo degustar o primeiro gole de chá quente, a medida que bebia o corpo aquecia em calor, e mesmo que não fosse lá essas coisas, seria agradável, acenando para Hiroki em forma de agradecimento, fazia-o entender que estava bom o suficiente. A medida que o tempo corria, desfrutava da minha bebida, ficava no meu canto quieto e um pouco pensativo, absorvendo e observando o que o ambiente teria, era intrometido a ponto de ouvir algumas conversas alheias, caso fosse possível, quando Hiroki estivesse próximo, perguntava. - Diga-me Hiroki, há muitos caçadores na região? Estava pensando em fazer uma caçada, não adianta ficar só esperando. - Deixava a conversa em aberto, falando para quem quisesse ouvir, esperando sua resposta tomando outro gole do chá.

- Hummm... - Terminava minha bebida, dando o último gole no chá, aproximava o copo no balcão, empurrando-o próximo ao taverneiro. - Vou dar uma volta pelas redondezas, caso encontre algo que valha a pena caçar, posso trazer pra você. - O observava, encarando. - Por um preço justo, é claro... - Nesse momento, fazia questão de pagar o chá, deixando sobre o balcão o preço em moedas. A resposta que teria não valia de nada, nunca tinha caçado nada antes, mas aquela ideia surgia para aproximar daqueles dois sujeitos de antes, poderia segui-los, usando a caçada como disfarce para meus objetivos.